O mercado japonês de alimentos é o segundo maior em volume, comparado com o resto do mundo. Entre os países da OCDE, o Japão é o que mais investe na aquisição de comida. Em valor, os produtos alimentares classificam-se em terceiro lugar entre aqueles mais importados pelos japoneses.
O Japão necessita importar produtos alimentícios e matéria prima para atingir seus critérios de seguridade alimentar. Dados do setor de estatísticas do governo japonês indicavam uma autossuficiência calórica de 37% em 2018, percentual que se mantém nesta faixa desde 1996, o menor dentro os países industrializados. Como exemplo, no ano fiscal de 2018, a autossuficiência japonesa por tipo de alimento era: Arroz (97%), Trigo (12%), Leguminosas (7%), Vegetais (77%), Frutas (38%), Carne (51%), Pescados (55%).
Nota preliminar: esta publicação utiliza dados copiados da publicação “Como exportar ao Japão“, divulgado neste site, em conjunto com opiniões próprias. Quando utilizado trechos da publicação, o texto estará sinalizado com “(CEJ)” em seu texto. Copio o texto, pois entendo ele ser de boa qualidade para utilização em sua íntegra. Recomendo novamente a leitura da publicação como um todo para entender o país e o mercado.
Acesso ao mercado de alimentos japonês
As maiores dificuldade encontradas pelas empresas brasileiras é o desconhecimento do mercado japonês.
O Japão é a terceira maior economia do mundo, sendo o segundo entre os países desenvolvidos. Dono da 11ª maior população mundial e da alta dependência calórica, poderíamos estimar que é um mercado amplo e de fácil acesso. Entretanto essa informação é rasa e incompleta.
O mercado japonês possui um alto padrão de exigência, seja pela demanda de produtos de luxo ou de alta qualidade, seja por questões sanitárias e fitossanitárias. As empresas interessadas em acessar este mercado devem estar dispostas a adaptar-se aos hábitos do consumidor local e gradualmente inserir sua identidade própria (CEJ). Além disso, é necessário conhecer o grande arcabouço legal japonês para questões alfandegárias, sanitárias e fitossanitárias.
Questões sanitárias e fitossanitárias
Existem quatro normativas principais no Japão, relacionadas aos padrões de inocuidade e sanidade, que devem ser observadas no momento da exportação de produtos alimentares e agrícolas ao Japão (CEJ):
- Food Safety Basic Law;
- Food Sanitation Law
- Japan Agricultural Standards Law
- Health Promotion Law
Este grupo de normas é atualizado periodicamente pela Comissão de Segurança Alimentar (Food Safety Commission – FSC), com base em pareceres das autoridades sanitárias e fitossanitárias locais, do Ministério da Saúde, Trabalho e Bem- Estar (MHLW) e do Ministério da Agricultura, Floresta e Pesca (MAFF) (CEJ).
A Organização de Comércio Externo do Japão (Jetro) mantém uma série de informações úteis aos exportadores estrangeiros. Uma lista indicativa dos marcos legais relacionados ao controle do comércio de alimentos está disponível em inglês, no sítio eletrônico da Organização (https:// www.jetro.go.jp/en/) (CEJ).
Mercado
O mercado de alimentos do Japão está estimado em USD 788 bilhões em 2019. Sendo USD 483 bilhões para o setor de venda de alimentos e bebida e USD 305 bilhões para o setor de serviços de alimentos. Embora o mercado do Japão para alimentos seja amplo, há também uma alta competição para ingressar nele.
Os Estados Unidos são os maiores fornecedores de alimentos e produtos agropecuários ao Japão (24% em 2019), sendo o Japão seu 4º maior destino de exportações do setor. Em seguida, encontram-se a China (15%), Tailândia (9%), Australia (9%), Canadá (5%), França (4%), Nova Zelândia (4%) e México (3%).
Hábitos de consumo
Os consumidores japoneses tendem a aceitar pagar um alto preço por produtos, entretanto demandam qualidade, conveniência e valor. O consumidor japonês está habituado a avaliar a aquisição de produtos e serviço de acordo com seu custo benefício e este precisa sempre estar balanceado e estável para a manutenção do consumo.
Inovação no mercado interno
O mercado interno está sempre inovando também. Dias comemorativos, estações do ano e diversos outros eventos são razões para a criação de cardápio e/ou linha especial no cardápio ou produto. Grandes supermercados buscam introduzir novos produtos a sua marca própria e cadeias de restaurante tentam reduzir os preços criando novos menus.
Comidas funcionais e saudáveis
Os consumidores japoneses estão em constante preocupação com a saúde. Produtos alimentícios que possuem algum benefício funcional / nutricional / a saude tendem a ter um apelo maior. O Japão criou o conceito de “alimento funcional” (FOSHU – Food for Specified Health Uses) e o aplica regularmente no mercado de alimentos por meio do credenciamento e uso do seu selo, regulamentado pelo MHLW. Um exemplo a que ponto chega o mercado japonês é a Coca-cola e Pepsi possuírem uma versão funcional de suas bebidas como apelo para seu consumo.
Valorização estética dos alimentos
No caso de produtos para o consumidor final, a apresentação estética do produto e embalagem são fatores importantes na escolha do produto. Diversos produtos possuem mais de uma embalagem para melhor proteção e estética do produto.
Possuem consciência sobre marcas
O consumidor japonês consome marcas e possuem grande consciência delas em seu consumo. Ressalta-se que a origem do produto (país) é utilizado também como agregador de valor ao produto. Por exemplo: vinhos da França e Chile tendem a destacar em seu rótulo a origem, carnes fracionadas tendem a vir com adesivos indicando a origem Norte-americana, Canadense ou Neozelandesa ou com o nome da origem do produto na etiqueta do código de barras, o café tende a vir indicado que é originário do Brasil, Colômbia ou Tanzânia.
Tamanho das embalagens
O consumidor japonês não tem o costume de comprar embalagens grandes. Seja pela falta de espaço nas suas residências, seja pela conveniência, ou também por constituírem famílias pequenas (poucas pessoas). Diversos produtos são embalados individualmente ou em poucas unidades (ex: biscoitos tendem a vir em caixas pequenas contendo diversas embalagens de 1 a 2 biscoitos).
Negócios com japoneses
Diferente da certa proximidade cultural que nós, brasileiros, temos da cultura européia e americana, a cultura japonesa é bem diferente.
Publiquei alguns artigos referentes a negócios no Japão (ex: “Etiqueta em negócios“) e continuarei realizando as publicações para maior conhecimento dos costumes japoneses, mas, de uma forma muito geral e ampla, recomendo atenção aos seguintes pontos:
- A sociedade japonesa é altamente hierarquizada, ocasionando um grande número de etiquetas e rituais. Há uma maior tolerância com estrangeiros, mas deve-se evitar o abuso do não cumprimento delas.
- Os japoneses, nos negócios, são formais. Agendamentos, trocas de cartões de visitas, reuniões de negócios são etapas básicas nas negociações.
- As decisões no Japão levam tempo. Seja no mercado privado, seja no governo.
Leituras adicionais
Enquanto este artigos e próximos sobre o tema vão abordar alguns aspectos sobre como atuar em negócios no Japão, a Embaixada do Brasil em Tóquio possui um “Guia Prático para a Conduta de Negócios no Japão” completo e extenso que vale a leitura.
O documento pode ser acessado aqui.